Nesse blog publicarei meus textos, poemas e reflexões, além de músicas, leituras e artigos que me emocionam e me fazem refletir.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Era uma vez...
estampado no rosto de uma criança.
Os dias de sol acabaram e
a desesperança preencheu seu coração.
De seus olhos vertiam lágrimas
da saudade que apertava seu peito.
Carícias, beijos e afagos.
A comida pronta na mesa.
A cama sempre arrumada.
A roupa sempre limpa...
A ausência doi-lhe a alma;
e o medo da solidão o atormentava.
Com o passar do tempo,
a idade foi-lhe pesando
e a criança cresceu.
Tornara-se um homem.
A tristeza já se esvaíra.
Ficara na lembrança a imagem daquele rosto.
Aprendera com a vida a dar valor as palavras
e nunca mais esqueceu-se de dizer a quem quer que fosse:
' Eu te amo"; " Você é especial para mim".
Danielli V. Cabral
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
A casa
Foto e artesanato de Danielli.V. Cabral
Tenho me esquecido da casa;
da casa dos meus sonhos.
Não da casa paterna ou da casa onde moro,
mas da minha futura morada.
A casa onde meu corpo deseja um dia repousar.
A casa...
A grande pequena casa dos meus segredos...
A casa não física, não situada.
A casa cuja construção tem como alicerce um outro ser.
A casa onde meu coração, cansado, encontrará o merecido descanso.
Tenho me esquecido de sonhá-la.
Tenho deixado de lado sua procura.
Os meus dias de quarenta e oito horas me impedem de pensá-la;
de arquitetá-la, de planejá-la.
Deixei de lado a minha costumeira busca.
Procurar o ideal em um mundo pós-moderno;
É como procurar um rosto em meio à multidão.
Tenho vivido dias cinzas e frios de inverno.
Tenho vivido o marasmo do esquecimento.
Tenho vivido os dias sem inspiração.
Preciso voltar á árdua, mas feliz tarefa da procura.
Preciso voltar à casa dos meus sonhos.
Preciso buscar o meu porto-seguro.
Danielli V. Cabral (setembro de 2008)
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segunda-feira, 13 de outubro de 2008
O Morador do 401
domingo, 12 de outubro de 2008
É primavera...
Jardim da escola: Maria Trujilo Torloni
Professor responsável: JJ
A Primavera
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome,
nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.
A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul.
Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Professor
Infância
Parafraseando Casimiro de Abreu
Infância
Ai que saudades que tenho,
da aurora da minha vida.
na minha cidade querida
dos pique-niques no parquinho.
Jogos escolares e canções parafraseadas.
Da leitura descompromissada;
Que saudades da turma da escola;
Do colégio Gabriel Prestes
Do primeiro beijo;
o primeiro namorado
que um dia me traiu.
dos amigos de crisma,
do grupo de jovens;
da ginástica e do clube;
e das nossas competições e apresentações musicais.
dos bolinhos de chuva nas tardes de inverno;
das rosquinhas de coco que minha mãe fazia;
do pastel da feira com guaraná.
São lembranças eternas que guardo em meu coração.
São reminiscências de uma época em que era feliz.
Danielli - Outubro de 2008
sábado, 4 de outubro de 2008
Smile
Quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos,
vazios.
Sorri
Quanto tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doridos
Sorri
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Minha cidadezinha
Para minhas saudosas amizades...
Minha cidadezinha
No fundo do Vale do Paraíba
uma inesquecível cidade se edifica.
"Terra de condes e barões";
" Cidade das palmeiras imperiais"
Singela, graciosa e acolhedora,
de Guaypacaré foi inicialmente batizada;
mas logo seus ilustres moradores a chamaram de Hepacaré (das goiabeiras).
Terra das antigas plantações de café e dos engenhos de açucar.
Hoje Lorena - terra de Nossa Senhora da Piedade.
Sinto saudades da adolescência que por lá vivi;
Dos mestres e dos amigos que por lá deixei;
Da simplicidade das casas e das ruas;
Dos ipês floridos na primavera;
Dos passeios de bicicleta no final das tardes de verão;
e das maritacas da Praça Arnolfo de Azevedo.
Nunca me esquecerei da missa dominical na igreja de São Benedito;
dos encontros de crisma e do grupo de jovens Jovisa.
Cidade de ar puro - que desce da Serra da Mantiqueira;
de noites acaloradas com o céu repleto de estrelas.
Sábados de feira livre no mercado municipal da cidade.
As comemorações do15 de agosto e as paradas civico-militares do 7 de setembro.
As festinhas de aniversário e os trabalhos na casa das amigas.
As matinês de carnaval nos clubes da cidade.
Nunca me esquecerei do povo acolhedor e amigo da minha querida cidade.
Danielli. V. Cabral
O morador do 401
Essa noite fez temporal no 401. O vento gélido entrava pela fresta da janela e trazia consigo lembranças do passado; ares de uma outra terra, distante do Vale das Lágrimas. O morador do 401, adoecido, quase não respirava. Adormeceu a muito custo após ingerir um antitérmico. Seu sono era pesado e ao mesmo tempo tumultuado. Imagens, sons e cheiros se misturavam em sua mente. Era difícil traduzir seus múltiplos significados. À medida que a noite se arrastava, arrastava também as imagens: rostos, passos, barulhos e odores a desfilar em sua memória fotográfica.
Um metrô, uma multidão, o barulho do trânsito, sangue pelas vidraças. Na companhia de um homem alto entrou em um vagão lotado. Seu nome, sua identidade: indefinido. Ao locomover do trem, ruídos estranhos, gritos, gemidos. De repente, feito bombas programadas, as pessoas explodem. Sangue por todo lado. Ninguém além do morador e do homem alto havia sobrevivido aquela estranha desventura. Ao sairem do vagão - uma estrada de terra batida. Perplexos pela imagem e pelo acontecido saem as tontas pela estrada. Após uma longa caminhada, o sol nas cabeças, as roupas sujas de sangue, sedendos, visualizam novamente o vagão do trem. Os vidros ainda ensanguetados, os pedaços de carne ainda espalhados pelo chão. Sem alternativas embarcam novamente no vagão. Vagarosamente ele volta a se locomover e aos poucos vai ganhando ; vai ganhando, vai ganhando ; vai ganhando velocidade... A mesma cena insana se repete. De volta a estação de trem.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Aos amigos pós-graduandos...
"Não preciso me drogar para ser um gênio;
Não preciso ser um gênio para ser humano;
Mas preciso do seu sorriso para ser feliz".
Charles Chaplin