sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O morador do 401

Capítulo XI - A solidão

Setembro de 2008

Com a chegada da tempestade, o morador do 401 voltou a sonhar. A solidão física de um outrem deixa-o absorto em devaneios. O tempo corre lento e pesadamente. Os dias são longos e cheios de reflexões.

Dizem que depois da tempestade vem sempre a bonança, mas nem sempre isso acontece no 401. Algumas vezes é preferível a tempestade à calmaria posterior. Na tempestade nosso corpo produz a adrenalina , responsável pelos momentos de medo, ansiedade, estresse, paixão e excitação. Isso nos mantém acordados, preocupados com o que virá depois. Na mansidão dos dias claros nossa mente pode nos trair; e nos tornamos capazes de chorar por qualquer situação. A sensiblidade aflora, as lágrimas vertem.

Nem todos porém, possuem essa sensibilidade exagerada. Há aqueles que diante do silêncio são capazes de se machucarem. Suicidam-se aos poucos. Fazem do copo de vodka e do maço de cigarros seus companheiros nas horas de solidão.

O morador do 401 conhece muito bem as armadilhas que o silêncio lhe traz. É perito em descobrir alternativas para não adoecer. Sabe que as doenças do novo século estão a rondar a sua mente. Canaliza seu tempo a buscar saídas para a triste sina de seu fado.

A leitura lhe agrada. Gosta de viajar literalmente por mundos imaginários e sonhar a vida em um mundo não real, longe dos penosos pesadelos que o afligem diariamente. Procura ocupar sua mente arquitetando projetos que muitas vezes não realizará, mas que demandam tempo e planejamento.

Trabalho é seu sobrenome. Passa os dias elaborando novas formas de se aperfeiçoar. Nem sempre é valorizado por isso e muitos o invejam por tanta dedicação. Mal sabem eles que trabalhar para ele não é sempre prazeroso, apenas lhe ocupa o vazio das horas.
continuarei...

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