domingo, 7 de setembro de 2008

Irene não, Maria




Detesto imposição! Sou avessa a criações obrigatórias. A criação não deve ser manipulada, tendenciada. Ela deve ser espontânea, livre de qualquer grilhão. Limitar a criatividade é podar as asas da imaginação.

Danielli V. Cabral

Parafraseando Irene de Manuel Bandeira:
Foto: Danielli V. Cabral
Maria Raimunda

Irene não, Maria


Gosto de pensar que Irene é Maria.
Porque Maria é preta como Irene.
Gosto de pensar que há mais Marias que Irenes nesse mundo.
Maria do Socorro, Maria Aparecida, Maria Auxiliadora,
Maria Eugênia, Maria Alice, Maria Rita, Maria Madalena,
Maria da Glória, Maria das Dores, Maria das Graças.
Maria da Conceição, Maria dos Remédios...

São tantas Marias...
Muito mais que Irenes!

De tantas etnias, lugares e sobrenomes.
Branca, amarela, parda ou negra.
São tantas Marias...

A Irene de Manuel não é como a Maria da minha casa.
A dele precisa pedir licença pra entrar.
A minha, me dá beijo de bom dia todos os sábados,
e tem a chave da minha casa.

A Irene de Manuel não é como a minha Maria.
Minha Maria senta-se comigo para dizer como vão seus dias.
E dá risada das minhas piadas e caretas sem graça.

Minha Maria tem paciência de me ouvir falar dos alunos,
E me dá razão toda vez que reclamo da minha profissão.

A minha Maria é Raimunda.
Maria Raimunda.

Maria não é empregada, doméstica, diarista ou faxineira
Maria é a secretária do meu lar.


Danielli V. Cabral

Um comentário:

Anônimo disse...
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