sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Uma linda mensagem



http://br.youtube.com/watch?v=3oB2rMaY0ho

Algumas canções que me inspiram....

Olhos fechados

Pra te encontrar

Não estou ao seu lado

Mas posso sonhar

Aonde quer que eu vá

Levo você no olhar

Aonde quer que eu vá

Aonde quer que eu vá...

Não sei bem certo

Se é só ilusão

Se é você já perto

Se é intuição

E aonde quer que eu vá

Levo você no olhar

Aonde quer que eu vá

Aonde quer que eu vá...

(Paralamas do Sucesso)



Tem Que Ser Você
Victor e Leo



Um dia seus pés vão me levar

Onde as minhas mãos não podem chegar

Me leva onde você for

Estarei muito só sem o seu amor

Agora é a hora de dizer

Que hoje eu te amo

Não vou negar

Que outra pessoa não servirá

Tem que ser você

Sem por que, sem pra que

Tem que ser você

Sem ser necessário entender

Meu segredo ...(nem tão secreto assim)

Quero ver quem consegue traduzir; resumir em uma palavra a sensação.O segredo de um coração...
Sentimentos ocultos...
Folhas de papel...
Palavras guardadas no coração.
Canções e aromas
bolhas de sabão.
(Espera)
Filtro Solar.
Calor intenso.
Pulsação, insônia febril.
(Ansiedade)
Imagens, Fotografias e melodias;
lembranças de uma voz.
(Sonho)
Borboletas no jardim;
Cheiro de terra molhada;
Bem-te-vi cantando...
(Esperança)
Danielli. V. Cabral
28/11/2008

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pedaço de mim




Pedaço de mim;
onde estás?

Metade mim;
por onde andas?

Alma minha,
minha vida...
onde se esconde?

Dias, semanas, meses, anos a te procurar...
em que direção está?

Onde ouvir o seu canto, suas palavras?

Confudi mil vezes o seu perfume.
Senti mil abraços diferentes.
Não eras tu...

Preciso de ti alma minha.
Parte da minha vida está em ti.

Devaneios...
Sonhos...
Desejos...

Ansiedade de ti.


Danielli V. Cabral

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A última tragédia - Resumo Comentado

O resumo abaixo foi realizado a partir da leitura do livro: A última Tragédia do escritor guineense Abdulai Sila. Esse material é base para a análise da obra a qual escolhi como tema do meu trabalho de conclusão de curso de pós-graduação em Vertentes da Língua Portuguesa e Literatura.
A última Tragédia
Abdulai Sila

A ação se desenrola em torno da personagem Ndani, uma adolescente nativa que sai de seu povoado (Biombo) para a Capital (Bissau) em busca de trabalho e libertação de seu estigma, que segundo um Djambaku (feiticeiro/ curandeiro), era “portadora de um mau espírito, da alma de um defunto mau, e lhe vaticinara conseqüentemente uma existência turbulenta, uma vida de desgraça, de tragédias até o fim...” (pág 27).
Inicialmente ingênua, curiosa e submissa, Ndani é uma das personagens mais marcantes deste romance. Uma jovem africana, aculturada, alfabetizada, batizada, catequizada e violentada pelo colonizador português.
Ndani, após horas de fome e sede à procura de trabalho, emprega-se como serviçal na casa de Maria Deolinda (Dona Linda), uma senhora de 50 anos, mãe de duas crianças (Mariazinha e João, que estudavam em Portugal) e esposa do Senhor Leitão. Lá, Ndani é, a princípio, agredida e submissa às ordens da patroa: “... Ainda esquecera a bofetada que lhe dera um dia quando o gato comeu uma posta de peixe... Às vezes chamava nomes feios, palavras que ela não entendia...” (pág 32) “... Nos primeiros tempos, quando a patroa lhe controlava a comida, dando-lhe somente o que sobejava da mesa deles... porque ela era criado...” (pág 38).
Com o passar do tempo, a patroa, que se sente sozinha, pois os filhos foram morar na metrópole (Portugal) e o marido não lhe dava a atenção desejada, se afeiçoa com a criada e passa a tratá-la como uma dama de companhia: “... Ela tinha que perguntar o porquê a alguém que conhecesse bem os brancos. Como é que se podia entender que uma pessoa que sempre foi malvada, que insultava criado toda hora, às vezes até dava porrada, pode de repente mudar tanto até chegar a ponto de convidar o criado para a mesa e tomar chá com ele?” (pág 37).
Dona Linda, após batizar Ndani de Daniela, resolve também catequizá-la e educá-la: “Sabes, Daniela, estive ontem a conversar sobre o assunto com o meu marido; tens que começar a ir à igreja comigo”.(pág39); “... colocou-lhe o fio à volta do pescoço. Ajeitou o crucifixo. Manteve-se de pé junto a Ndani, alías Daniela, e mandou-a levantar-se...” (pág 41).
A personagem de Dona Linda transforma-se ao longo do romance, de uma mulher submissa ao marido e que mal sabia escrever o próprio nome, torna-se uma catequizadora, educadora e patriótica, líder de um movimento de libertação das almas dos africanos.
“No outro dia, uma amiga tinha notado:” Você está um bocado magra, Dona Maria Deolinda. Está a fazer dieta, é?”. Ela tinha respondido com um sorriso somente. Mas se fosse noutros tempos, aquilo era suficiente para provocar um dia inteiro de conversa sobre magreza e obesidade, elegância e corpulência, proteínas e vitaminas, culinária e gastronomia... Se estivessem bem dispostas, a conversa poderia arrastar-se até chegar a actrizes de cinema, manequins ou hospedeiras de avião que, pelo que tinha ouvido dizer um dia, coitadinhas, todas elas tinham que estar sempre a fazer dieta para não perder o trabalho. Mas parece que Dona Linda não tinha mais tempo e interesse por esse tipo de conversa. Agora só havia um tema que contava: a igreja, a religião, a salvação das almas dos africanos” (pág. 66).
Por se envolver tanto com as questões cristãs e educativas em sua cidade, o que ela julga ser uma missão histórica e sagrada, Dona Linda é recebida pelo Governador da Província, que lhe assegura a promoção de seu marido, enquanto este, aproveitando-se da distração da mulher, violenta Ndani, retomando seus antigos hábitos:
“... regressou à casa antes da hora habitual e ouviu gemidos no quarto da criada. Não foi necessário entrar no quarto, soube logo que tinha acontecido. O que não soube foi o que dizer ao marido, que naquele preciso momento abandonava o quarto da criada com o rosto a sangrar de arranhões, a camisa aberta, as calças desabotoadas, os pés descalços...”

No capítulo III – O poder do Pensamento. Dá-se início a apresentação do Régulo de Quinhamel, Bsum Nanki, chefe da aldeia, que dirigia com sabedoria sua gente, apesar de ser analfabeto. Único até então na região daquele povoado, a arrumar três conselheiros (homens grandes). Criticado até mesmo pelos seus parentes, que acreditavam que isso era coisa de branco (parlamento) e que homem negro “não dava pra essas coisas” (pág.68). O Régulo acreditava que era preciso ter conselheiros para ajudar a pensar.
Acreditava que o atual Chefe do Posto (branco) era diferente dos anteriores; muito sério, de poucas palavras. Tentou agradá-lo de início, oferecendo porco e bode, mas percebeu que ele era mal educado, pois, mesmo depois de tantos presentes ele lhe foi cobrar os impostos atrasados. O que o Chefe não sabia era que a tradição dizia que Régulo não pagava impostos.
“Está escrito nalguma lei que régulos não são obrigados a pagar os impostos? Tens documentos de isenção?” (pág. 71).
O Régulo ficou com aquilo na cabeça e depois de saber que tudo não passara de brincadeira, que era gozação do Chefe branco, ficou furioso e quis se vingar da humilhação. Pensou em matar o branco, mas lembrou-se das conseqüências: os conselheiros não aprovariam, a polícia de Bissau chegaria, haveria investigação. Pensou em lançar feitiço, mas lembrou-se que o Chefe era branco e que feitiços não pegam em gente branca: “... Se o branco faz um remédio e um preto toma esse remédio, dá certo, tem o mesmo efeito tanto no corpo do branco como no corpo do preto. Agora quando o preto faz um mezinho para um branco aí não pega...” (pág. 78).
Decidiu construir uma casa grande como a do Chefe branco, para mostrar que também tinha recursos, que não era como os outros que pagavam impostos. Mas constatou um problema; quem cuidaria daquela casa? “Tinha cinco mulheres, mas nenhuma sabia aquele trabalho” (pág.87). “... se ele casasse uma mulher que entende dessas de casa de branco, o problema ficaria definitivamente resolvido!...” (pág. 88).
“... uma rapariga solteira, que nunca teve homem, que sabe ler e escrever, que viveu muitos anos com brancos, que entende muito bem de flores e jardins. Uma rapariga de olhar profundo, aspecto sereno. Impunha respeito, mas mesmo muito respeito...Era uma rapariga que iria ser a sua sexta mulher e tomaria conta daquela grande casa que estava a construir. Logo que a casa estivesse pronta e mobiliada, iria buscá-la e só então veria a sua vingança concretizada...” ( págs. 97 e 98)
Essa rapariga era Ndani, após tantos anos de trabalho na casa de Dona Linda, Daniela era outra pessoa: educada, alfabetizada, civilizada. Transformara-se assimilada pela cultura portuguesa
“ Aquela rapariga representava muito para ele. Muito mais do que alguém podia imaginar. Não era só a vingança, nem a mulher para cuidar da casa grande que estava construindo. Ela representava também o seu rejuvenescimento, novas energias de que precisava para a longa luta que ainda tinha pela frente. Aquele casamento era uma etapa importante no seu plano”. ( pág. 99)
Casou-se com Ndani e construiu uma escola para os nativos da região, causou inveja a todos, inclusive do Chefe branco. Graças a Dona Deolinda conseguiu arranjar um bom professor, só que ele era negro e, a princípio, todos desconfiaram de sua capacidade: “... O branco sabe mais, pode ensinar mais. Agora, o que é que um professor preto sabe?...” (pág. 103).
Na aldeia, todos queriam saber mais sobre o tal professor, as crianças - seus alunos - o questionavam todos os dias, mas ele sempre respondia: “depois; amanhã; mais tarde” Ele não queria falar sobre seu passado: “... custaria muito tempo e muitas palavras levar aqueles meninos a acreditarem que ele teve uma infância idêntica às deles, que o seu nome não era o que lhes disse no primeiro dia, que aquele nome lhe fora dado na altura em que entrou na Missão, onde fez o curso de professor...” Ele se entristecia e chorava toda vez que falava de eu passado e não queria fazer isso diante de seus alunos. Disse apenas que tinha 25 anos e que estudara com padres italianos.
Como era de costume - forma de socialização naquela aldeia - o professor foi visitar o Régulo e este o solicitou que escrevesse um testamento onde ele deixava conselhos, princípios e ensinamentos para toda família e outros que viessem a ocupar o seu posto. Como não sabia escrever, solicitou ao professor que escrevesse o que ia ditar: “...Régulo deve ser aquele que sabe pensar melhor, aquele que consegue ir até à essência das coisas. Régulo só pode ser quem tem as mãos limpas, sem rabo de palha...E depois ele tem que ter uma visão mais aberta. Quando há um problema, tem que ser capaz de distinguir a causa da conseqüência...” (pág. 115)
Não conseguiu completar o seu testamento. Após dois anos de casamento, o Régulo morreu: “...Ele morreu sem ter adoecido um único dia, o grande Régulo de Quinhamel. Teve uma morte lenta e calma, como o vento que soprava nessa manhã...” ( pág. 117) O povo comentava que desde que se casara com Ndani, portadora de tragédias, o Régulo havia mudado, não era mais o mesmo, vivia entristecido e a velhice se apoderara dele rapidamente.
Nos meses que se passaram após a chegada do professor e das visitas desses a casa de Ndani, ocorreu uma segunda transformação na vida da personagem: “... Diferente dos outros dias em que acordava, olhava à volta e via tudo incolor, tudo monótono, tudo sem vida. Pela primeira vez, ouviu o canto dos passarinhos no quintal, viu os raios do sol que penetravam alegremente no seu quarto e enchiam de brilho tudo quanto nele havia. Os objetos brilhavam aos seus olhos de uma forma estranha, cheios de vida e de cor. Sentia o movimento suave do ar que entrava pela janela semi-aberta, o aroma das flores do mangueiro no quintal, que chegavam até ela, despertando sensações desconhecidas. Levantou-se e olhou à volta. Um sorriso apareceu nos seus lábios. Ele viria à tarde...” (pág. 124). Apaixonada, ela esperava todos os dias pela vinda do professor e este também passava por uma transformação: “No início, era uma simples tentação. Tentação ou aventura? Não sabia explicar direito. Desde a primeira vez que a viu sentiu uma atracção forte, algo que o puxava para perto dela. Queria continuar a vê-la, só vê-la, mas ela escondeu-se...” (pág.129).
Antes de se entregarem um nos braços do outro, o professor tem um sonho em que Ndani gritava por socorro no fundo de um poço em que a água subia sem parar. Desesperado ele acorda e vai direto à casa grande - uma metáfora da verdadeira posição da personagem ao longo de sua história. Era o início do final feliz que Ndani sempre esperançava. O Professor, segundo Ndani foi o seu salvador. Após a 1º noite dos dois “... ela sentiu-se ressuscitar lentamente como um novo corpo e uma nova alma. Passou a mão pelas costas de seu redentor e segredou-lhe ao ouvido: _ Obrigada. Salvaste-me...” (pág. 133). O amor aqui é visto por Ndani como uma forma de libertação; libertação dos medos, traumas e receios pelo qual passara. Ambos apaixonados deixaram-se de se importar como aquele amor proibido era visto pela sociedade de Quinhamel. Dessa paixão nasceu um filho, que só reforçou em Ndani a esperança da tão sonhada felicidade. Seu filho se chamava Obem e era o nome do falecido pai do Professor - homem que havia sido agredido pelo Administrador Cabrita.
O Régulo, antes de morrer, já sabia da relação entre os dois e até chegara a dizer ao Professor que aproveitasse. Após a sua morte, mudaram de cidade. Já tinham 2 filhos e decidiram ir para Catió, onde poderiam viver a sua vida sem que ninguém os conhecessem e os julgassem. Lá, o Professor voltou a lecionar e a participar dos jogos de futebol que eram tradição em Catió.
Em um jogo de comemoração a chegada do novo Administrador, o Professor assustou-se quando percebeu que este seria o mesmo administrador que agredira seu pai. Quis desistir, mas não conseguiu. Durante o 2º tempo, o filho do próprio administrador entrou no jogo, no time adversário, e julgando-se injustiçado partiu pra cima o Professor, que o fez tropeçar várias vezes até machucá-lo: “... Ao receber a bola de um companheiro, ofereceu-a propositalmente ao rapaz, que logo levantou o pé para pontapeá-lo com força para frente. Deu-lhe uma staka tão bem dada que caiu de imediato e começou a gritar que os cachorros dos pretos lhe tinham partido o pé”.(pág. 159) Nesse momento o Administrador foi em direção ao Professor e o bofeteou.
O professor em uma mistura de fúria e desejo de vingança respondeu a agressão:
“...Na sua memória surgiu como um relâmpago uma cena idêntica, passada há muitos anos atrás na sua tabanca natal. Um comerciante branco tinha acabado de esbofetear o seu pai. Viu a mão branca a aproximar-se outra vez do seu rosto. Sentiu algo crescer dentro de si. Não sabia se era uma onda de fúria ou um desejo de vingança. Reagiu com rapidez. Desviou todo o tronco para trás e viu a mão passar perto do seu nariz, assobiando. No instante seguinte era o seu punho a embater nas bochechas do branco...” (pág. 159)
Todos ficaram surpresos coma reação do Professor e aguardavam os resultados dessa adversidade. Esperavam que o professor você preso, torturado e até morto pelos cipaios. Porém, uma semana depois o Administrador foi encontrado morto no banheiro de sua casa, vítima de uma hemorragia interna, segundo o médico legista que examinara.
Mas, como todos esperavam pela vingança do Administrador, o investigador de polícia decidiu incriminá-lo pela morte e combinou com o guarda e a cozinheira da casa que dissessem ao juiz que o Professor estivera na fazenda no dia da morte. Eis que surge o primeiro branco na história a defender os pretos, o médico legista, indignado com a situação levanta-se no tribunal e conta a verdade a todos: “Meritíssimo juiz... este homem aqui sentado, este homem que está sendo acusado, não assassinou, não matou o senhor Cabrita!...” (pág. 174) Outra prova de sua intolerância para a atual situação dos pretos durante toda a história, foi a sua atitude com Ndani, ao ajudá-la a ver, por cinco minutos, o Professor antes de partir para São Tomé e Príncipe para onde seria deportado: “...Foi o próprio Doutor que levou para a prisão onde se encontrava toda a gente que ia ser deportada. Deu-lhe um documento, que afirmou seu autorização, que devia mostrar aos polícias. Disse-lhe que os presos iriam partir no dia seguinte. Despediu-se e desejou-lhe coragem. Ele ia partir naquele mesmo dia para a Metrópole. No fim, apertou-lhe a mão e disse, com um rosto muito sério, que um dia aquelas coisas iriam acabar...” ( pág. 178). “ ...Não chore, por favor...Imagino como deve estar a sentir-se neste momento, quanto deve estar sofrendo...Mas é preciso que tenha coragem. Essas coisa têm que acabar...Têm que acabar um dia...”( pág.179)
O encontro do jovem casal foi emocionante, por apenas cinco minutos, sem trocar uma única palavra, abraçados, ignoravam as grades de ferro que os separavam. Ndani nunca mais viu o Professor, a sua esperança acabava ali. A sua última tragédia seria a perda de seu amor, de sua única felicidade. Enlouqueceu. Ia todos os anos ao cais para tentar ver o rosto de seu homem até que um dia, sem perceber atirou-se ao mar e morreu.

Danielli Viana Cabral